quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Conhecimento vulgar e a ciência

A CIÊNCIA
A influência da ciência na nossa vida é tão vasta e profunda


que se torna muito difícil imaginar como seria hoje o mundo, caso

o conhecimento científico tivesse estagnado há alguns séculos.

Não existiriam computadores, telemóveis, pílulas contraceptivas,

vacinas, antibióticos, automóveis, frigoríficos, lâmpadas ou televisões.

Todas estas coisas, bem como muitas outras cujo impacto

na nossa vida é tão ou mais forte, devem a sua existência a teorias

científicas.

A ciência tem um inegável valor prático, mas as tecnologias

que produziu ou pode vir a produzir num futuro próximo deram origem

a novos problemas. Algumas delas, como a clonagem ou a

manipulação genética, levantam questões éticas importantes, e

muitas outras têm um impacto ambiental preocupante. Na Parte 4

examinaremos alguns dos problemas de natureza prática que a

ciência suscita.

Nos capítulos que constituem a Parte 3, que agora se inicia, vamos

olhar para a ciência de outra perspectiva. Vamos tentar perceber

o que a caracteriza enquanto forma de conhecimento, independentemente

das suas aplicações.

A ciência, embora tenha um alcance limitado, costuma ser vista como a forma mais bem-sucedida

de conhecimento humano. Para muitas pessoas, as teorias científicas têm um enorme

valor teórico: dão-nos um conhecimento sólido da natureza e dos seres humanos, revelam-nos

a estrutura e o funcionamento da realidade com uma profundidade cada vez maior. Graças à ciência,

sabemos hoje qual é a constituição da matéria, como surgiu a imensa variedade de seres vivos,

como os pais transmitem as suas características aos filhos, como funciona o cérebro humano

ou como se formaram as montanhas, os continentes e as estrelas. É claro que ainda há

imenso para descobrir sobre estes e muitos outros assuntos, mas a imagem do mundo que a

ciência tem vindo a construir parece inexcedivelmente rica, surpreendente e bem fundamentada
Ciência e senso comum


Grande parte do nosso conhecimento da natureza e dos seres humanos não é científico e, na

verdade, surgiu muito antes da ciência ou mesmo da própria civilização. Sabemos que certas

plantas nos alimentam ou curam e que outras são venenosas, que é mais seguro beber água fervida,

que os filhos tendem a parecer-se com os pais, que algumas doenças são contagiosas, que

com o leite podemos fazer queijo, que por vezes a terra treme e o Sol desaparece e que podemos

moldar alguns metais quando os aquecemos. O conhecimento vulgar ou senso comum

corresponde a crenças como estas. Podemos caracterizá-lo desta forma:

O senso comum consiste em crenças (1) amplamente partilhadas pelos seres humanos,

(2) justificadas pela experiência quotidiana e (3) transmitidas de geração em geração de

uma forma essencialmente acrítica.

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