segunda-feira, 25 de março de 2013

Padre Osvaldo Chaves


Padre Osvaldo Chaves


Nasceu aos 21 de outubro de 1923, no sítio Angelim, distrito de Sambaíba, município da Granja


Filho primogênito de Manuel Chaves Fernandes e Maria Carneiro Chaves, casados a 30 de novembro de 1922. Recebeu o santo Batismo aos 25/12/1923, no Parazinho por Monsenhor Vicente Martins da Costa. Seus padrinhos foram: Raimundo Chaves e Angélica Carneiro Magalhães.

Em abril de 1924, é acometido de poliomielite com atrofia da perna esquerda. Em 1929, aprende o alfabeto e a soletrar a Carta do ABC, com sua mãe. Em junho de 1933, lê "Coração" de Edmundo de Amicis, despertando-lhe o gosto pelas belas-artes. Já em 1935, passa mais a ler do que simplesmente a consultar o "Dicionário Prático Ilustrado", de Jaime de Séguier. Em 1939, matricula-se no Ginásio Lívio Barreto, da Granja, cujo epônimo, poeta da terra, desperta-lhe o gosto pela poesia. 1940 - 8 de fevereiro ingressa no Seminário Menor de Sobral. Em 1941, o Pe. Antônio Tomás dedica-lhe o soneto "Desencanto", em resposta a um outro que lhe fora dedicado pelo esperançoso seminarista. 1942 - aprimora os estudos de língua vernácula e literatura, lendo os poetas e clássicos. Traduz poemas franceses e éclogas de Virgílio. Reúne seus poemas em forma de livro, o que deu o título de "Heliotrópicos", que não foi publicado. O poeta que mais influência exerceu sobre suas criações, foi Cassiano Ricardo. Fevereiro de 1946 matricula-se no curso de Filosofia do Seminário Maior de Fortaleza. Em 1948, inicia Teologia, no mesmo Seminário. Na Catedral de Sobral, aos 8 de dezembro de 1951, é ordenado sacerdote por Dom José Tubinambá da Frota. Primeira Missa solene em Parazinho, distrito de Granja em 16/12/1951.

Atividades: inicia em 1952, o magistério no Seminário de Sobral, como professor de Português, Francês e Música. Participa em Fortaleza, do curso de aperfeiçoamento em Francês com o professor Lucien Brosse. Exerceu as funções de Vigário Cooperador em Crateús, Acaraú (' São Benedito. Na segunda leciona Latim e Inglês, na terceira, Pedagogia, Latim e Francês. Em junho de 1960, passa a residir em Sobral. Leciona no Seminário, Português, Latim e Grego.

Na Faculdade de Filosofia Dom José, Português e Literatura Luso-brasileira. Isto durante treze anos. Em 1969, freqüenta curso de aperfeiçoamento em Língua Portuguesa, na Universidade Federal do Ceará. Em 1971, concluiu a Licenciatura em Filosofia Pura, na Universidade Federal do Piauí. Em 1984, relê os clássicos latinos no original: Virgílio, Horácio, Ovídio e Cícero. Em 1985, publica suas poesias, em livro intitulado "Exíguas". Entrando no Seminário de Sobral, em fevereiro de 1944. E no Seminário Maior. Para todos era um colega amável, jocoso e muito interessante. Quando recitava suas poesias, revelava um talento extraordinário. Desde janeiro de 1981 até hoje, trabalha na Santa Casa de Misericórdia e no Hospital do Coração, em Sobral, na Pastoral Hospitalar.

Osvaldo Carneiro Chaves




A Granja dos Séculos

A Natureza, enamorada, um dia, Pôs um beijo de amor e simpatia Na face do sertão. E esse beijo fecundo fez brotar Entre as brisas do mar e o fogo do deserto — Granja — o pátrio rincão. E hoje, a fim de observá-la, Detenho o passo, absorto viajor: A terra é boa. A natureza é bela. Contemplo-a em derredor: O rio!... Olha também: Também o rio Represou na Barragem para vê-la. Mas vê-la é enamorá-la, e o rio não sabia. É vassalo, é escravo do oceano, Não pode demorar-se. Fita-a por um momento. E, de despeito, Precipita-se do alto da parede, Como o rio do poeta, e cai desfeito Em vísceras de espuma e de arco-íris. Um escravo não desposa uma rainha: Na dor da frustração, em ondas multifárias, Tristonho e saudoso vai seguindo Seu destino de águas tributárias... Para a rainha — um rei! O mar é um rei. Mas, feroz e sombrio, Um tigre de ciúmes, Tem ciúmes do rio. Por isso, Desde mais de dois séculos, vem, Sorrateiramente, Duas vezes por dia impreterivelmente, Para ver a cidade dos seus sonhos. E, na doce viagem, Traz-lhe sal, e traz peixe, e traz conchinhas, E um abraço de posse, largo, de oceano... E a cidade, tão meiga e conjugal, Sorri-se ao mar. E em resposta aos carinhos Cochicha-lhe, talvez, uma promessa em segredo. E o mar vai-se de novo, e ela pensa no mar... Pensa... Mas pensa mais nos seus filhos, Vive mais para eles. E, se um deles morreu, Silente e lacrimosa sobe a sepultá-lo Ali perto, bem alto, numa esplanada de outeiro, Porque quer vê-lo já perto do céu. E eu vejo agora a Granja do passado, Redivivo, glorioso, retratado Num cenário de sonho. Silêncio. A noite é tropical. O luar é lindo. E a cidade parece Uma virgem de mármore dormindo. O espírito de Lívio vagueia A vigiar-lhe o sono. Eternizado em seus vinte e seis anos Lívio Barreto, pálido, romântico, Passeia pelas ruas Vendo em cada janela os cravos brancos Que as mãos dolentes da prateada lua Derramam em profusão. E o poeta vai clamando... Eu o ouço ainda clamando: Umbelina! Umbelina! Estela, Estela! Sonho de adolescente, sonho vão... Agora, Somente agora é que o poeta colhe Os seus "brancos soluços de alvorada, Os cravos brancos que plantou no coração." Silêncio para dor. Meu poeta, silêncio: a Imortalidade É a tua Verônica... Há um sussurro de notas, um tropel de acordes, Trêmulo, soluçante, irradiando Das paredes que foram Filarmônica. A lua Continua Como prata. O vento, Sonolento, Açoita e zine. O espírito melódico de Ciarlini Pulverizou-se em luz, pulverizou-se em sons, Encheu de fosforescências a alma desta terra, E Granja adora a música. Beethoven, Rubinstein, Debussy E Tchaikovski ainda agora Têm cultores aqui. O frêmito dos teclados dos pianos É uma mediunização. O saxofone lânguido da esquina, Com o boêmio violão das serenatas, É vida, é organismo, é evolução. E os tamarindos velhos, ah! se eles falassem! Recordações De infâncias dos tempos que volveram Trepam-lhes pelos galhos E enroscam-se nos troncos Que as brisas livres dos séculos enegreceram. O nosso avô menino... O nosso bisavô... Paula Pessoa, o Senador... E o Pessoa Anta Brincando à sombra deles aguçava Os instintos de libertação da grande Raça Para a Confederação do Equador: "Soldados, apontar! Certeiro ao coração!" E Granja ia escrevendo a pátria História, E o padre Mororó, rolando no Passeio, Contava para a glória Um companheiro igual. Maior que isto, ó Granja, só o grande ideal De tua religião. Retas como a verdade, As torres da Matriz são dois braços alçados: Um marcando o tempo E o outro nos apontando a eternidade. São as torres dois braços levantados Para o céu, Em prece vertical. E o sino badalando é uma grande harpa eólia, Um tenor de metal. Um badalo sorrindo Diz adeus a um anjinho. Um badalo chorando Anuncia angustiado: Era pai e morreu. Era mãe e morreu. Era irmão, era filho, era esposo e morreu... Bem... muito além... Bem... muito além... No céu nos veremos, no céu nos veremos... Um badalo cantando, Um badalo chorando, Um badalo chamando Para os pêsames, Para a prece, Para o amor E para as núpcias. Noitários, procissões e a alvorada das bandas... Vejo o padre Galvão e Vicente Martins: Almas de impávidas Vestais, almas irmãs, Guardam o fogo sagrado De cultura e de fé das gerações cristãs De cem e mais cem anos. Granja de um, Granja de dois, Granja dos séculos! Debaixo deste céu tão azul e tão puro, A minha musa ingênua de criança É hoje uma canção de inteira confiança No teu futuro! Boa terra, Minha musa criança é hoje um hino De gratidão a ti: Granja dos carnaubais, Granja de São José, Foi no teu seio que eu primeiro Amei a terra, reconheci a Raça e exercitei a Fé. Granja de gente boa, Foi em ti que aprendi a confiar no Povo Cuja voz de trovão reboará em ecos Dentro da História, eternos, no porvir. Granja no Brasil E a Pátria pelos séculos!








Um Granjense que já foi homenageado em várias cidades menos  Granja!!!!!!!!!!!
Porque?





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